Repórteres: Ana Prado, Beatriz Fonseca e Maianna Medeiros, estudantes de Jornalismo (UFV)

Durante a reunião de ontem, 23 de abril, na Câmara Municipal, o vereador Paulo Sérgio (Toti) concedeu entrevista sobre a urbanização do Paraíso, sua visão a respeito do Plano Diretor e em relação ao pedido de cassação do prefeito atual Ângelo Chequer.

O vereador Paulo Sérgio (Toti) defendeu a aprovação do Plano Diretor de Viçosa, mas sugere mudanças. Em entrevista, comentou a urbanização do Paraíso e algumas informações sobre o pedido da cassação do prefeito Ângelo Chequer. O vereador também explicou um pouco sobre o seu trabalho na Câmara, sua visão em relação a cidade de Viçosa e o que precisa ser feito para que essa se torne um melhor lugar para se viver. Toti é natural de Viçosa, tem 43 anos e foi eleito no ano de 2016, sendo filiado ao PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro). Hoje residente do bairro Santo Antônio, ele se autodenomina um vereador de comunidade, que defende os interesses populares sempre apontando para pequenos detalhes que, com melhorias, podem trazer significativas mudanças para a cidade.

Repórter Ana Prado: O senhor está envolvido em algum projeto social?

Paulo Sérgio Toti: Hoje nós temos o projeto social na comunidade do Santo Antônio, chamado Projeto Viva a Juventude, em atividade. Juntamente com moradores, passamos a oferecer aos jovens espaços para o futebol, além de aulas de reforço, de violão, dança e pintura. Surgiu há mais ou menos 14 anos, por causa do índice de violência na região, mas infelizmente foi perdendo espaço na comunidade. Nós tínhamos dois campos de referência e hoje temos apenas um campo particular. Entretanto, entramos em acordo com o dono do campo privado e criamos a escolinha de futebol, onde, atualmente, atendemos cerca de 120 crianças, dos 07 aos 17 anos.

Repórter Beatriz Fonseca: O que pensa em relação à urbanização na região do Paraíso? Quais mudanças ela pode trazer?

Toti: O Plano Diretor gera muita dúvida. temos que ouvir a comunidade sobre a urbanização pois só ela sabe se vai trazer benefício ou não. Não sou contra o Plano Diretor, mas a gente tem que sentar e discutir, por isso existem as emendas.

Repórter Maianna Medeiros: Viçosa já sofre com diversos problemas de infraestrutura na área urbana atual. Não seria contraditório a ideia de expandir ainda mais essa área?

Toti: Com certeza. Na Câmara existem diferentes grupos de vereadores de bairros, por morarmos em determinadas comunidades, somos aqueles que conhecem e trazem os problemas desses lugares; problemas esses que prefeito nenhum procura resolver. Se observarmos Silvestre ou o Santo Antônio, onde moro, que ficam afastados do centro, veremos transtornos que sempre colocamos em pauta nessa casa [Câmara]. É por isso que, quando se planeja urbanizar o Paraíso, é preciso pensar em todas as dificuldades que isso pode trazer.

AP: Conversei com um dos representantes que é contra o projeto e, segundo ele, a pauta é justamente a infraestrutura. Com a implantação do Plano Diretor, aquela área corre risco de tornar-se abandonada?

Toti: Podemos até dizer que a renda que cobrarmos do Paraíso, por exemplo IPTU, vamos deixar lá, mas quem garante isso? Nós que trabalhamos no meio político vemos essa situação se repetir sempre. Vereadores passados prometeram e ainda prometem: vamos fazer um documento onde a renda ficará na comunidade. Isso não é garantido. Se amanhã entrar um novo prefeito na cidade quem assegura que ele vai permanecer com esse plano? Essa é uma preocupação relevante, pois o local pode se tornar um esgoto a céu aberto, temos que tomar muito cuidado com o que vamos decidir.

MM: O senhor comentou a respeito de uma reunião que aconteceu ontem, na qual foi discutido o impacto da urbanização no Paraíso. Houve atualização no projeto? Alguma melhoria?

Toti: Não. Nós simplesmente tiramos algumas dúvidas. Se não me engano, o projeto será retirado, pois teremos uma reunião com a comunidade, uma audiência pública. Ela acontecerá no dia 02 e deixaremos a votação para depois da audiência, o que concordo. Se conseguirmos, juntamente com a comunidade de lá, acrescentar alguma nova ideia no Plano Diretor, será uma soma bem-vinda.

BF: Por que esse projeto já está na Câmara a tanto tempo? Por que tanta dificuldade em se tomar uma decisão?

Toti: O Sávio (vice-presidente da câmara) ressalta que o projeto está aí há quase dois anos. Já o vereador Carlito Alves diz que tem mais tempo. Então, é algo muito complexo, temos que ponderar com carinho. Enquanto conversava com o professor Idelmino hoje, perguntei se existe outro município do porte de Viçosa que tem um Plano Diretor. Colhi de uma outra pessoa que existe. Vou procurar me informar para visitar esse município, parece que é um plano diretor com menos burocracia do que o de Viçosa.

BF: Os vereadores têm reclamado constantemente da falta de assistência do executivo. O que se têm feito para que os pedidos sejam acatados por esse órgão?

Toti: Desde que entrei nessa casa (Câmara), deixo a população ciente de que em meus pedidos ao executivo, quase nunca sou atendido. Sou um vereador de comunidade, quando levo uma demanda posso até obter uma resposta, às vezes oralmente, às vezes em documentação, mas ela não é olhada da forma que tem que ser, não sai do papel.

AP: Qual é a origem do pedido de cassação ao prefeito?

Toti: O vereador Sérgio fez o pedido, pois segundo ele não teve respostas no tempo certo em relação a determinados documentos. Ao que parece, este ainda está sendo analisado. Mas, acredito que o vereador está fazendo a sua parte, nosso papel é fiscalizar o prefeito.

MM: O que está no caminho certo aqui em Viçosa, e o que ainda precisa ser melhorado?

Toti: Sendo curto e grosso, Viçosa tem que melhorar tudo!

O vereador Paulo Sérgio Toti ainda conclui sua entrevista dizendo:

Sempre que andamos nas comunidades, ela (população) cobra: é um buraco, uma árvore a ser podada. Se o prefeito olhar com carinho e procurar respostas para atender esses lugares, tem como melhorar Viçosa. Por isso, eu digo que a cidade precisa de vereadores que deixem de lado suas diferenças e comecem a agir.

Estou no parlamento jovem e por este motivo, sempre afirmo que os jovens têm se afastado da política por não acreditar mais nela. Então, temos que trazê-los para esse meio, conhecer suas ideias e como estão sendo formadas.