Vice-presidente da Câmara destaca importância da preservação da água no Plano Diretor

Repórter: Laís Fidélis, estudante de Jornalismo (UFV)

Créditos da foto: Laís Fidélis

À esquerda, Sávio José, vice-presidente, ao lado de Antonio Elias (Tuim), presidente da Câmara Municipal de Viçosa

Na última terça-feira, dia 09 de Abril de 2019, durante a reunião da Câmara foram abordadas pautas da cidade, como a cassação do mandato do atual prefeito Ângelo Chequer (PSDB) e, novamente, a votação do Plano Diretor da Cidade. O vereador Sávio José (PT), ao falar sobre a falta do Plano, enfatizou sua importância para o abastecimento de água da cidade e questionou os interesses das grandes construtoras de Viçosa e de vereadores a favor destas, julgando serem individualistas e visando apenas o lucro. Sávio é, atualmente, o vice-presidente da Câmara, eleito em 2018, aos 35 anos. Nascido em Viçosa, o político é filiado ao Partido dos Trabalhadores desde 2002, na coligação Frente Democrática Popular. Formado pela Universidade Federal de Viçosa, atua como professor e gestor cultural.

Repórter Laís Fidélis: O senhor poderia discorrer sobre a principal importância do Plano Diretor para Viçosa?

Vereador Sávio José: O Plano Diretor é uma obrigação de todo município com mais de 20 mil habitantes, obrigação estabelecida pelo Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257). Também chamado de Plano Guarda-chuva, ele cobre todas as políticas públicas envolvendo o município. E, é claro, trabalha mais o urbanismo da cidade: questão da mobilidade urbana, do loteamento, do parcelamento de solo; envolvendo também cultura, esporte, saúde e educação. Esse plano é o que dá um horizonte para a cidade. Tanto que, de dez em dez anos, ele tem que ser revisto. A importância dele é orientar o que Viçosa, e seus cidadãos, querem pros próximos dez anos, para, assim, atingirmos uma sustentabilidade de governo maior.

LF: A questão da preservação da água foi colocada em pauta hoje. Como essa questão se relaciona ao Plano?

SJ: Ela se relaciona de forma muito forte. Viçosa tem dois grandes mananciais que abastecem a cidade: A bacia do São Bartolomeu e a do Rio turvo, este segundo dividido entre Turvo Limpo e Turvo Sujo. Há cinco anos atrás, 70% da cidade era abastecida pelo São Bartolomeu, atualmente, este manancial abastece apenas 30% da cidade. Esse cenário ocorreu por falta de planejamento e uma legislação rígida que impedisse o crescimento desordenado e o aglomerado populacional. Foram construídas habitações irregulares perto de rios, com falta de saneamento básico, sem levar em consideração a preservação da mata local. Portanto, com o planejamento destas duas áreas, Paraíso e Violeiro, e a restrição do potencial construtivo, estaremos preservando os mananciais e, consequentemente, garantindo a água da cidade.

LF: O senhor afirmou que a postergação da votação do Plano ocorre por interesses externos. Quem seria o maior beneficiado?

SJ: Os grandes lobbies imobiliários. Os grandes construtores de Viçosa não pensam na cidade, mas apenas nos lucros, pois querem construir irregularmente, alugar, vender apartamentos e fazer condomínios sem pensar na coletividade. Eu defendo o interesse coletivo e essas pessoas, no meu ponto de vista, defendem seus interesses individuais. Como em qualquer câmara política, temos o enfrentamento de forças que estão atuando aqui dentro para conter a votação do Plano Diretor. Não vamos deixar que isso ocorra, vamos votar. Eu tenho a garantia do presidente da Câmara e sou o vice-presidente. Os vereadores podem se posicionar contra, é seu direito, mas “empurrar com a barriga”, postergar e criar atalhos, eles não vão fazer.

LF: Esse interesse mobiliária se restringe apenas a área da Z5?

SJ: Não só a Z5, apesar de ser uma área muito visada. Também tem outras regiões de interesse, como a área de expansão do silvestre. É um interesse geral.

LF: Qual é o maior receio da população da Z5 em relação ao plano?

SJ: O plano foi construído por uma equipe técnica e passou por etapas de participação popular, reuniões e assembleias. A população da Violeira participou de uma audiência pública com os delegados dos bairros; a comunidade do Paraíso, entretanto, por erros de comunicação, não participou.  Há 7 anos atrás, a área do Paraíso passou por uma ameaça de urbanização, gerando um medo da palavra. Na minha visão esse medo é justificado, pois na época não tínhamos a APA (Área de Proteção Ambiental). Então, a maior preocupação deles é com a urbanização e suas consequências.

 

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