Repórteres: Ana Luisa Horstt e Davi Pinho, estudantes de Jornalismo da UFV

Após o anúncio feito dia 30 de abril pelo MEC afirmando cortes no orçamento de três faculdades federais por motivos ideológicos, fato que fere à Constituição, o governo federal decidiu estender o corte a todas as universidades federais do país.O bloqueio orçamentário será de 30% para todas as instituições e os efeitos já são sentidos. Várias faculdades como a UFPI, UFES, e UFSC já têm suas atividades ameaçadas e podem cessar atividades ainda esse ano.

A presidenta da ASPUV, Seção Sindical dos Docentes da UFV, Junia Marise discursou na Tribuna Livre da Câmara Municipal acerca da gravidade dos cortes para as universidades, da mobilização sindical de abrangência nacional programada para o mês de maio e da importância da mobilização popular em prol da luta pelo seus direitos.

Repórter Davi Pinho: Quais áreas serão mais afetadas pelos cortes?

Junia Marise: Só tivemos acesso, até esse momento, à informação pública do bloqueio orçamentário de R$ 30,7 milhões, mas não sabemos nada sobre como e onde acontecerão os cortes.

DP: Os cortes irão afetar o funcionamento do restaurante universitário? É provável  aumento no preço?

JM: Tudo é possível, não só pelo corte de 30%, mas também pelo governo em ascensão, tudo pode acontecer. Por exemplo, em Ouro Preto a universidade retirou bolsas de auxílio à iniciação científica, aulas práticas, material de consumo e assim por diante.

DP: Existe alguma estratégia ou planejamento da faculdade para lidar com os cortes?

R: Se existe eu desconheço. Mas, a realidade desses cortes é que têm acontecido gradativamente e a universidade tem tentado se ressignificar, isso é fato. Uma coisa é certa: a gente vai permitir assim, calados? Esse é o grande absurdo.

P(DP): A greve no dia 15 de maio pretende paralisar todas as universidades do país? Qual a abrangência?

JM: Esse é um movimento nacional, todas as centrais e sindicatos estão chamando de dia de greve geral da educação, inclusive estudantes, técnicos administrativos e professores estão com assembleias marcadas para deflagrar essa greve. Esse é um movimento amplo que não envolve apenas essas categorias mas também toda a comunidade que é atingida diretamente com esses cortes e com a reforma da previdência.

P(DP): Qual o papel dos estudantes em meio aos cortes de orçamento?

JM: O estudante deve tomar as rédeas dessa história, eles já nos orgulharam muito do seu posicionamento, da sua ação, das suas lutas, já caminhamos com os estudantes. Então agora, é hora dos estudantes assumirem a história, a mobilização e fazer linha de frente.

Repórter Davi Pinho: Quais tipos de bolsas vocês têm dentro da universidade e como elas influenciam na permanência de vocês na UFV?

Beatriz Fonseca : Tenho auxílio moradia e auxílio alimentação. Facilita em tudo. Se não fosse por elas [bolsas] eu não conseguiria estar aqui na UFV.

Maianna Medeiros:  Eu só tenho o auxílio alimentação. Apesar de ser de uma cidade bem perto daqui, minha família não tem renda para pagar, então realmente, o sistema de crédito de graça no RU é muito benéfico, ele permite que a gente fique na universidade.

DP: Com os presentes cortes, pelo tamanho que têm sido, vocês acreditam que existe de fato a possibilidade das bolsas estarem em risco, de algumas serem cortadas?

BF : Com certeza.

MM: Sim, também acredito que corre muito risco, se não forem cortadas, com certeza vão ser diminuídas e vão acabar tirando a oportunidade de muita gente que precisa das bolsas.

DP: Perante a situação, qual o posicionamento de vocês e como pretendem reagir a tudo que está acontecendo?

MM: Se tiver greve eu participarei com certeza, vou pra rua, manifestar, sei que isso ajuda mas infelizmente não é o que vai mudar o posicionamento do nosso governo, mas a gente não pode ficar parado. Sou totalmente contra o corte, não só pela nossa questão, mas por todo o ensino em si.

Contato: davipinho13@gmail.com / analuisahprado@hotmail.com