Teddies: um caos aconchegante

Repórteres: Ana Paula M. Boaventura e Ana Vitória M. Oliveira, estudantes de Jornalismo na UFV – Contato: apaulamb15@gmail.com e anavitmo@hotmail.com

Localizado no bairro de Lourdes, Teddies é um bar voltado para o público estudantil e que oferece a possibilidade dos clientes participarem do palco livre, com equipamentos do próprio bar. Criado por um inglês que veio ao Brasil durante a Segunda Guerra Mundial, foi passado de mão em mão até chegar ao atual dono, Edmundo Guedes Nogueira.

Mais conhecido como Edinho, Edmundo, 40 anos, assumiu a responsabilidade de transformar o local em um ambiente de entretenimento acessível, que conquistasse um público significativo da cidade, além de oferecer espaço para a apresentação de artistas e um clima de acolhimento para seus fregueses. O bar também se tornou um espaço de promoção cultural, devido ao grande número de bandas locais que utilizam o espaço para ensaiar.

Edinho no balcão do Teddies.

Repórter Ana Paula Boaventura: O que te motiva a trabalhar aqui e a dar espaço livre para o público no palco?

Edinho: É a quantidade de bebida alcoólica (cerveja e o Jack Daniels). O palco livre já é uma coisa que nasceu de forma inusitada, não tem jeito de criar isso, é algo que veio da história do Teddies. Quando eu trouxe as caixas de som pra cá, pedi ajuda aos meus amigos para conseguir um público e eles, que antes tocavam em eventos como churrascos, vieram tocar aqui dentro junto com outras bandas, então, foi se tornando o que é hoje.

Repórter Ana Vitória Messias: O senhor se considera um promotor de cultura?

E: Eu acredito que aqui as coisas acontecem de forma mais espontânea, talvez promotor de cultura seja um termo muito forte, pois, pra mim, fazemos bagunça aqui e é para ser divertido.

APB: Qual é a importância de ceder um ambiente para que as pessoas possam se expressar artisticamente?

E: Aqui toca quem quer, eu não olho se a pessoa é boa ou ruim. Algumas pessoas entram aqui ainda muito iniciantes, alguns são muito bons, mas não tem presença de palco. É isso que o Teddies faz, te dá a oportunidade de conseguir mostrar seu trabalho, conhecer outros músicos e entender como fazer o público se interessar por você, fazendo nome na cidade e ficando bêbado com a gente. Os músicos usam pulseira amarela, então podem consumir cachaça, caipirinha e água sem pagar para que consigam explorar o seu talento.

APB: O senhor acredita que o Teddies tem um papel social em Viçosa?

E: O Teddies traz a oportunidade de músicos se mostrarem, dando visibilidade e suporte para artistas locais. Além disso, nós já fizemos muitos eventos beneficentes, como para o tratamento de câncer, para o lar dos velhinhos, para algumas pessoas que estavam passando por situações complicadas de saúde e para arrecadar fundos para cirurgias de cachorros e gatos.

APB: Como é lidar com essa diversidade de pessoas todos os dias?

E: Legal demais, você cresce como pessoa, mas também passa muita raiva. A maioria do meu público é composto por estudantes ou pessoas que já se formaram, mas que decidiram não ir embora, como eu.

AVM: O senhor passou por alguma situação de perigo ou emergência por aqui?

E: Uma vez um homem tentou invadir o bar de qualquer forma, quando já tinha sido fechado. Ele me chutou e meus amigos tiveram que segurá-lo. No final, coloquei uma restrição para que ele não pudesse mais entrar no Teddies. Quando começa a ter briga aqui, as primeiras pessoas que mandam parar são os próprios clientes, antes mesmo que eu possa entrar no meio. A galera que frequenta já vem com a ideia de que no Teddies ninguém briga. Já aconteceu de ter um assediador aqui também, que passou a mão nas meninas, mas os próprios fregueses colocaram ele para fora e vieram me avisar da situação.

AVM: Como vocês impedem que menores de dezoito anos entrem no bar?

E: Olhando as carteiras de identidade. Já houve casos em que tive que retirar estudantes do ensino médio que conseguiram entrar no bar, mas mesmo que eles consigam entrar, não recebem pulseira e por isso não podem pedir bebidas alcoólicas no balcão.

APB: Qual o gênero musical mais tocado no Teddies?

E: Rock, Blues, Jazz e MPB.

AVM: Mas a Nyx não faz eventos aqui?

E: Inicialmente a Nyx não tocaria aqui. Eu nunca deixei por causa do estilo musical, não deixo tocar funk. Mas eles me ganharam quando explicaram que a Nyx é um movimento de base gay e que a maioria dos locais não deixam eles fazerem seus eventos por homofobia. Depois que eu entendi isso, mesmo sendo funk, deixei eles tocarem.

AVM: Qual o tamanho da sua equipe?

E: Geralmente são seis pessoas, mas tem vezes que são só três ou duas. Varia porque os funcionários são estudantes, então depende muito da época de prova, de quem está mais atarefado na UFV. Tentamos montar um horário que dê preferência para quem tem mais disponibilidade.

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