Diretor do CCH revela a realidade precária do Centro e dos cursos de Humanas

Repórteres: Isabelle Braconnot e Maria Eduarda Tosetti, estudantes de Jornalismo da UFV – Contato: madudatv@hotmail.com e isabelle.k.2001.b@gmail.com

Diretor do CCH, Odemir Vieira Baêta, em sua sala
Foto: Isabelle Braconnot

Odemir Vieira Baêta é graduado em Secretariado Executivo Trilíngue pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e possui doutorado em Administração com Especialização em Gestão de Hospitais e Universidades, pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Já foi chefe do Departamento de Letras da UFV e gestor de estágios internacionais. Atualmente é professor de Gestão Executiva para o curso de Secretariado Trilíngue e o diretor do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH).

Com a entrada de um novo reitor na Universidade, Demétrius David da Silva, e com o futuro incógnito do ensino superior público no Brasil, principalmente em relação aos cursos de ciências humanas, Baêta relata, nessa entrevista concedida no dia 05 de junho de 2019, suas ambições e angústias para com o cargo que exerce.

O encontro do Diretor do Centro de Ciências Humanas com a repórter ocorreu em sua sala, localizada no prédio Arthur da Silva Bernardes. Apesar de sua agenda corrida, Baêta mostrou-se solícito e preparado para responder os questionamentos sobre a atual situação da Universidade Federal de Viçosa com muita sinceridade e paciência.

Isabelle Braconnot: O que o CCH oferece para os cursos e departamentos de Humanas?

Odemir Baêta: Primeiro, precisamos entender a estrutura orgânica das universidades no Brasil. A maioria delas são escolas, institutos, faculdades ou centro de ciências – que é o caso de Viçosa. Das 68 universidades federais brasileiras, poucas possuem essa estrutura igual à da UFV. Então, a função do Centro de Ciência é auxiliar a gestão acadêmica junto da coordenação de cursos e na gestão financeira junto da coordenação administrativa. O campus Viçosa possui quatro Centros de Ciências, que são órgãos responsáveis por administrar as atividades de ensino, pesquisa e extensão em uma ou mais áreas de conhecimento, respeitadas as normas legais, estatutárias, regimentais e as resoluções dos órgãos competentes. A administração dos Centros de Ciências cabe ao Conselho Departamental, à Câmara de Ensino e à Diretoria de Centro. Aos Centros de Ciências estão vinculados os Departamentos e os cursos de graduação.

I.B: O senhor acredita que essa estruturação de Centros de Ciências é a melhor que existe para a gestão da Universidade?

O.B: Em uma estrutura como a da UFV, que possui muitos cursos, você precisa de uma organização como essa. Os Centro de Ciências são responsáveis pela sinergia entre os cursos e a pró-reitora. Em universidades menores esse contato departamento- administração superior é direto. Mas, aqui na UFV, a existência de centros é fundamental.

I.B: Como o Senhor avaliaria a gestão passada do reitor e das pró-reitorias?

O.B: Eu estou no CCH há apenas 13 meses, a gestão passada tinha funcionários que estavam no cargo há 8, 10 anos! Eu acredito muito na importância da alternância. Não dá para ficar se perpetuando, isso atrapalha até o desenvolvimento de pesquisas científicas. Não é saudável possuir uma administração superior que está “engessada” há anos.

I.B: Durante seu tempo como diretor do CCH o senhor percebeu alguma disparidade (estrutural, financeira) para com os outros Centro de Ciências?

O.B: O CCH é muito peculiar em relação aos outros. É o Centro que possui o maior número de cursos, são 16 ao todo, e todos eles são muito heterogêneos. Tem um departamento que possui 48 docentes [Departamento de Educação], é o segundo maior departamento da UFV. Ao mesmo tempo, temos o menor centro da UFV, o de Dança, com oito professores. Além disso, tem um curso nascendo agora, Serviço Social e outro, que depois de 67 anos de existência, está chegando ao fim, o curso de Economia Doméstica. Embora tenhamos mais de 200 professores no Centro, há uma demanda de 12 profissionais para os cursos de História, Geografia, Dança e Comunicação Social para que alcance o mínimo exigido pelo campo pedagógico. Então, nosso Centro é muito assimétrico. Em questão estrutural, temos o Departamento de Comunicação Social, que além de não comportar todos os alunos não possui acesso para deficientes físicos, o curso de Direito também não possuí um departamento estruturado…. essa é a realidade do Centro.

I.B: Esses problemas apontados pelo senhor podem ser resolvidos de que maneira? Quais medidas, e por quem, devem ser tomadas para que haja a contratação de novos professores?

O.B: Conseguir abrir uma vaga de professor hoje é mais difícil que construir um prédio! Se eu, por exemplo, for fazer uma reforma no DCM, ela terá um custo “x”, que é pago uma vez e pronto, acabou. Agora, contratar um professor que, se entra no início de carreira, vai ficar aqui por pelo menos uns 30 anos, vai entrar na folha de pagamento… o custo é muito maior. Outra coisa, a liberação da vaga depende de Brasília, e não da Universidade, e muitas vezes as vagas liberadas são tão poucas que se dá prioridade a situações de extrema urgência.

I.B: Como o senhor acredita que o novo presidente e o novo ministro da Educação vão impactar no funcionamento da UFV e consequentemente no C.C.H?

O.B: Então, a partir do que vem sendo noticiado me faz concluir que todos os centros serão afetados e aparentemente vão reduzir verba nomeando de “contingenciamento”.

I.B: Qual a relação do C.C.H com os outros centros?

O.B: Os Centros de Jumanasciências têm uma certa autônima em relação a reitoria, próreitorias e vice-reitoria, por que é uma votação separada. Nós temos semanalmente uma reunião entre os centros, mesmo que cada um com os seus interesses, a gente procura criar uma união e sinergia entres os 4 centros.

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