“Se nada for feito, em 15 dias, pelo menos 50% devem falir”, avisa Casa do Empresário”

Por Júlio Rocha e equipe de reportagem

Em entrevista exclusiva para o Jornal de Viçosa nesta quarta (15) Julismar Marques Divino, presidente da Casa do Empresário e proprietário da Estruturarte Serralheria falou um pouco sobre a situação da situação complicada das empresas e comércios da cidade em meio a atual crise. Ele lembra que o cenário não é nada bom e que comércios e empresas da cidade tem uma reserva em caixa para aguentar apenas um mês de portas fechadas, segundo ele 95% delas já estão sendo prejudicadas e se nada for feito, em 15 dias, pelo menos 50% devem falir, isso deve causar uma taxa de 80% de desemprego em Viçosa.

No fim da semana passada, Julismar Divino, em nome da Casa do Empresário enviou uma carta à prefeitura, na qual sugere, dentre outras medidas, a reabertura de alguns comércios e empresas a partir de ontem (15), porém, não foi possível colocar tudo isso em prática tão rapidamente, ele diz também que nesse sentido, tem mantido contato diário com o prefeito Ângelo Chequer e que ambos tem acordado medidas para tentar minimizar os efeitos da crise, para ele, uma conquista foi a abertura do setor de construção civil que ocorreu já na semana passada, ele que torce para uma reabertura gradual dos demais estabelecimentos a partir do dia 22. Hoje (16), em coletiva na prefeitura, parte das reivindicações do Julismar e da Casa do Empresário foram atendidas: https://jornaldevicosa.home.blog/2020/04/16/comercios-em-vicosa-reabrem-a-partir-do-dia-22-utilizando-sistema-de-rodizio-de-cpfs/

Jornal de Viçosa: Qual setor o mais prejudicado?

Julismar: No meu ponto de vista, é o pessoal dos restaurantes, porque eles já vem, não todos, mas a maioria, que tem como público alvo os estudantes universitários. Eles já vem com uma baixa muito grande de dezembro, janeiro e fevereiro por causa das férias da UFV e logo que começaram a ter um fôlego, tiveram uns 15 dias com estudantes na cidade, logo se viram sem esse público novamente; esse é o setor mais preocupante, mas não é o unico, todos os setores estão preocupantes, a gente fez um estudo que indica que as empresas tem um giro de caixa durante 27 dias e a gente já está estourando isso, semana que vem ja vamos superar os 30 dias, então todas as empresas vão entrar em um estado muito perigoso

JV: O delivery vai ajudar a impedir que alguns deles fechem definitivamente?

Julismar: Com certeza vai ajudar.

JV: Você tem notícia de algum restaurante ou alguma empresa de outro segmento que ja fechou definitivamente?

Julismar: a gente ainda não tem essa informação, como estávamos trabalhando muito na apresentação de uma proposta para o poder público visando a abertura… a primeira proposta era até abrir hoje (15), mas não conseguimos, foi adiado para semana que vem, dia 22. A partir de agora vamos focar em buscar a informação de quantas empresas e segmentos estão fechando mais em Viçosa, mas a gente ainda não tem essa resposta.

JV: Quantas empresas fazem parte hoje da associação?

Julismar: Hoje nos temos oficialmente 550 associados, porém cerca de 8 empresas pediram recentemente a desfiliação com o objetivo de cortar gastos.

JV: Dessas 550 empresas, quantas você diria que estão altamente prejudicadas?

Julismar: Na casa de 95% a 97%, porque a gente tem os super-mercados que estão trabalhando ainda, mas até eles estão sofrendo com a mudança, estão começando a se individar pois as pessoas estão comprando muito com cartão de crédito ou crediario, isso é um problema que vai causar danos futuros a esse grupo mesmo ele estando funcionando

JV: A gente ve notícias de que o isolamento deve durar pelo menos até julho ou agosto, como ficam as empresas nesse cenário?

Julismar: Viçosa não tem condições de continuar nem por mais 15 dias em isolamento total, se essa condição persistir a gente deve ter uma perda de pelo menos 50 a 60% do comércio, isso deve causar cerca de 80% de desemprego.

JV: Considera que a MP 936 que visa ajudar no pagamento dos salários vai evitar demissões?

Julismar: Vai evitar sim um pouco, mas a gente ta tendo um problema muito grande que é o fato de os sindicatos que são responsáveis pela intermediação não estão respondendo; o governo liberou, mas não conseguimos acesso ao sindicato para achar essa solução

JV: Você tem mantido diálogo com o prefeito em busca de soluções?

Julismar: eu tenho me reunido com o prefeito e sua equipe todos os dias desde a semana anterior ao fechamento, temos tido pelo menos duas horas de reunião diariamente

JV: Você sente que ele tem ouvido os empresários?

Julismar: Ele tem ouvido sim, a gente tem mantido um bom diálogo, entendendo o nosso ponto, uma prova disso foi a liberação para abertura do setor de construção civil, mas não existe só esse nosso lado, o prefeito também tem ouvido médicos, especialistas e temos todos nos debruçado em cima das propostas para ver se elas são realmente válidas principalmente para a preservação de vidas.

JV: O atual decreto(em relação ao isolamento social) vai até dia 21, próximo fim de semana, você me diria com certeza que as suas reivindicações já vão ser atendidas logo em seguida? você acha que segunda-feira (22) já começa a reabrir o comércio?

Julismar: Eu não tenho essa confirmação, eu dependo do que for decidido na reunião hoje(com prefeito e especialistas), mas a minha esperança é que de pra retornar já no dia 22.

JV: Dentre as propostas que você está discutindo com o prefeito, qual você considera mais importante?

Julismar: A parte do comércio e indústria, são os dois segmentos mais presentes em viçosa, principalmente o pequeno comércio, pois tem comerciante que não tem fluxo de caixa ou um planejamento a longo prazo, ele é quem mais necessita dessa abertura. A industria por sua vez estando parada, não produz, logo não se consome e é o município que perde, principalmente em arrecadação de impostos.

JV: Você tem se reunido diariamente com o prefeito, especialistas e tem expectativas de reabrir o comércio o quanto antes, como a Casa do Empresário reagiu a prorrogação do decreto por parte da prefeitura?

Julismar: A gente reagiu com tranquilidade, porque temos ciência do motivo do prorrogamento do decreto, mesmo sendo muito ruim para a economia. A gente tem que ter responsabilidade como cidadão, não é só reabrir o comércio, tem que haver todo um estudo de como fazer isso, e é disso que a gente ta atrás, uma solução para abrir o comércio sem prejudicar a saúde da população.

JV: Segundo o Ministro da Saúde, o auge da pandemia ainda não chegou no Brasil, isso deve ocorrer entre maio e junho. Na lista de medidas que vocês encaminharam à prefeitura tem alguns pontos que falam sobre proteção tanto do cliente quanto do colaborador, mas como vocês pretendem lidar quando o pico da pandemia chegar aqui em Viçosa por exemplo?

Julismar: A prefeitura está montando um plano de guerra, os estudos tão mostrando um momento que deve ser mais grave no futuro, mas para isso não acontecer a gente fez mesmo um plano de guerra, vão ter muitas restrições, muitas ações que vão ter que ser feitas tanto pelos empresários quanto pela população. No dia que o comércio reabrir, ele já vai ter que estar preparado para esse plano.

JV: dentre as propostas desse plano de guerra, existe alguma nova, que não estava naquele primeiro oficio enviado à prefeitura?

Julismar: Tenho notado desde terça (6) passada, que a população está nas ruas, só o empresário está sendo punido nesse momento, impedido de receber seu cliente. Uma proposta nesse sentido seria o rodízio de CPFs, no qual todo mundo poderia sair de casa, fazer suas compras, mas em um dia especifico e em uma quantidade limitada de pessoas por dia.

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