Médico recomenda não usar cloroquina no tratamento contra COVID-19

Por: Guilherme Alves, estudante de Jornalismo da UFV.

Foto: Otávio Hatanaka / Acervo pessoal

Nascido em Coimbra-MG, o médico Otávio Hatanaka, formado pela Universidade de São Paulo (USP)-Ribeirão Preto e doutorando em infectologia pela mesma, concedeu uma entrevista ao Jornal de Viçosa e falou sobre o uso da hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes diagnosticados com COVID-19. De acordo com ele, o uso da cloroquina nesse momento não é o mais indicado por causar inúmeros efeitos colaterais.

Segundo ele, uma experiência prévia com o medicamento em laboratórios da China demonstrou que ele havia tido resultados positivos. No entanto, um estudo mais recente, feito em Nova York, mostrou que quando testado em humanos o resultado não é bom. Isso porque, por mais que a cloroquina tivesse resultados positivos contra a doença, ela causaria efeitos colaterais graves. Ou seja, mesmo curado do novo Corona Vírus, o paciente poderia ser levado a óbito por conta das consequências do uso do medicamento.

Além disso, o médico mostrou um estudo feito pela revista científica The Lancet, que prova que o uso da hidroxicloroquina em hospitais, ao invés de diminuir o número da mortalidades de pacientes como era o esperado, aumentou. Esse aumento está, principalmente, ligado ao efeito cardiotóxico que a droga causa, já que um dos danos colaterais dele é atacar o sistema cardiovascular.

“Uma pessoa do grupo de risco já costuma a ter problemas cardiológicos, ser hipertenso e diabético. A doença, por si só, já ataca o sistema cardíaco, e usando um medicamento que tem efeitos colaterais que também atacam o sistema cardíaco se coloca em alto risco qualquer paciente.”

– Otávio Hatanaka

Dentre os efeitos colaterais do uso da cloroquina, principalmente sem acompanhamento médico, estão a visão borrada, vertigem, tontura e até mesmo complicações na medula óssea, no entanto, esses são casos mais leves e apenas retirar o uso do medicamento pode solucionar o problema. Em situações mais graves, o paciente pode ter uma grande alteração cardiovascular, que causa insuficiência cardíaca, infarto e arritmias malignas, podendo levar o paciente a óbito.

“O médico tem medo de usar a cloroquina porque ele conhece os efeitos colaterais dela, alguns deles muito malignos.”

Otávio Hatanaka

Ainda de acordo com ele, a liberação desse medicamente no Brasil passa mais por um viés político do que científico, propriamente dito. E teria o intuito de tentar acalmar a população, dando a ela algo que acreditam, por mais que não seja o correto.

“Não estamos recomendando o uso da cloroquina para tratar e nem prevenir COVID-19. O ideal é que as pessoas não usem o medicamento de forma descriminada na busca de uma cura. Esse desespero é justificável, as pessoas estão com medo, mas infelizmente a cloroquina não é a saída.”

– Otávio Hatanaka

Por fim, Otávio projeta que, olhando pelo lado mais positivo possível, teremos uma vacina para a doença apenas daqui a quatro ou seis meses. E mesmo assim, não é garantia de nada.

O Jornal de Viçosa entrou em contato com o presidente da Associação Médica de Viçosa, mas ele não quis dar a entrevista.

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