A permanência de estudantes da UFV em Viçosa durante o isolamento social

por Alícia Pinheiro, estudante de Jornalismo da UFV

 

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Entrada da UFV, com movimento em seus dias normais | Créditos: site da Universidade Federal de Viçosa

Com a paralisação das aulas na Universidade Federal de Viçosa (UFV), desde 14 de março, muitos estudantes escolheram retornar para suas cidades de origem. Apesar do número expressivo de estudantes saindo da cidade, uma parcela dos acadêmicos optou por permanecer na cidade universitária. Com o tempo, o número de vítimas da Covid-19 aumentou, fazendo com que Viçosa adotasse medidas de proteção e barreiras sanitárias para proteger a população. Apesar disso, alguns estudantes ainda assim decidiram ficar na cidade, mesmo sem ao menos saber quando as aulas irão retornar. 

É o caso da Camila Castelano, estudante de Medicina Veterinária: “No começo, não sabia quanto tempo ia durar a quarentena. Então, achei melhor ficar por aqui e ver como as coisas iam acontecendo. Também tinha acabado de voltar das férias”, diz a acadêmica, que permanece até hoje em Viçosa.

Um dos motivos para a permanência de alguns universitários foi o trabalho ou estágio. A Jéssica Morgenia faz graduação na UFV e é estagiária em um mercado local: “A UFV liberou as aulas no dia 14, mas eu estagio num supermercado, que é uma ‘linha de frente’, a gente não podia parar. Eu continuei a estagiar presencialmente até o dia 20. Na semana do dia 18 a 20, a UFV nos proibiu de continuar trabalhando presencialmente, então, passei a fazer home office.”

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Entrada da UFV, atualmente: pouco movimento. | Créditos: Antonia Pires/JV

Um dos fatores também foi a crença de que a doença não iria gerar uma paralisação tão longa: “Eu não acreditei que a UFV ia manter essa paralisação por muito tempo. A UFV costuma ser bem conservadora. Até quando há greves, a Universidade costuma demorar a aderir e ser uma das primeiras a retomar. E eu não imaginava que a coisa ia transcorrer dessa forma, que ia crescer desse jeito”, afirma Lucas Reis, que permanece até hoje em Viçosa.

 

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Além do uso obrigatório de máscaras, Viçosa adota o sistema de rodízio por CPF, medidas que acalmam a população | Créditos: Alícia Pinheiro/JV

As medidas protetivas eficientes também vem sendo apontadas como um dos motivos para os estudantes ficarem em Viçosa. Aqui, eles se sentem mais seguros e amparados do que em suas cidades: “Minha cidade natal está muito mais caótica. Eu me sentia muito mais segura em Viçosa, apesar dos números na cidade estarem crescendo, por que eu via que as medidas e o comportamento das pessoas com toda a questão do rodízio… Agora que eu vim pra minha cidade natal, eu acho muito estranho, porque as pessoas não têm esse controle. Os shoppings já abriram, não tem rodízio, nem nada. Então, eu me sinto muito mais à mercê do vírus.”, diz Jéssica Morgenia, que retornou para Santos, São Paulo, após permanecer três meses em Viçosa. 

Uma outra preocupação desses estudantes é oferecer riscos à sua família com o retorno para os lares. “Penso que, assim, meus pais estão mais seguros, porque eles já são mais velhos, e eu trabalho em academia. Tive muito contato com diferentes pessoas no período em que foi anunciado o interrompimento das aulas e das primeiras medidas da Prefeitura, então eu poderia ser um risco, indo pra minha cidade.”, diz Lucas Reis. 

A decisão de permanecer na cidade impacta a economia local, que é impulsionada pelos estudantes. Porém, a solidão dos jovens e a incerteza em relação ao futuro da universidade é um fator que pode favorecer a decisão do retorno para seus lares, o que afetaria ainda mais a economia de Viçosa.

 

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